Aceitação

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Aceitar o que o presente nos dá, a nossa história pessoal, as nossas vulnerabilidades e os nosso erros é muitas vezes um processo doloroso mas sem ele dificilmente conseguiremos estar plenamente no aqui e no agora.

Errar faz parte da condição humana e é uma fonte preciosa de aprendizagem. De facto aprendemos em todos os caminhos principalmente nos piores ou mais difíceis que muitas das vezes são os que nos tornam mais resilientes e nos obrigam a evoluir.

Esta auto-aceitação deve ser activa e validante ou seja, não uma resignação e desistência de si ou dos outros, caso contrário não haverá espaço para a mudança e crescimento pessoal.

A aceitação de acontecimentos, traumáticos ou não, da nossa história pessoal é também crucial para o nosso bem-estar psicológico. Todas as nossas experiências contribuem para o que somos e ao apagarmo-las ou recalcarmo-las da nossa memória consciente, estamos também a negar o que somos, incluindo as nossas qualidades.

Muitos dos pedidos em psicoterapia prendem-se com o desejo de mudar algo no próprio, com o qual se sente insatisfeito. Esta mudança só poderá ocorrer depois de nos aceitarmos. Muitas vezes basta esta aceitação para surgirem as mudanças desejadas. Por exemplo, quem deseja ser menos ansioso, ao aceitar a sua própria ansiedade simbolizando-a e integrando-a deixa de ficar tão constrangido com a mesma, baixando os níveis desta.

Assim, como OSHO postula, “Aceite-se como é, você é único, incomparável”.

Catarina Barra Vaz – PSICÓLOGA CLÍNICA E PSICOTERAPEUTA

As emoções “malditas”…

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Um dos passos mais importantes no trabalho terapêutico é a identificação das emoções, perceber o seu papel específico na vida do indivíduo, compreendendo como a sua inibição, evitamento ou expressão desregulada afeta a vida da pessoa.

Se há emoções com que ninguém parece ter preocupações, como é o caso da alegria, há outras que são olhadas com muita desconfiança, como é o caso da tristeza e da zanga. À tristeza, nalgumas situações (morte de alguém próximo, divórcio), é concedida algum tempo para que seja vivida, tentando-se depois que ela desapareça rapidamente, (“tristezas não pagam dívidas”) pois muitos de nós não nos concedemos, nem a nós nem aos outros, o direito de estar triste, nem queremos viver a vulnerabilidade que representa “estar triste” porque “temos que ser fortes” e… produtivos. Nesta armadilha caiem muitos dos que depois acabam verdadeiramente deprimidos, perdendo o sentido da sua própria vida.

Quanto à zanga, essa é vista ainda com piores olhos, como se fosse uma emoção maldita; ora ela afinal não é nem mais nem menos que as outras emoções, ou seja perfeitamente natural e saudável, acompanhada por transformações psicológicas e fisiológicas com objetivos específicos. Se a tristeza nos leva a chorar as perdas, e o medo nos leva a agir no sentido de nos protegermos, a zanga dá-nos a informação de que há limites que estão a ser ultrapassados e que teremos de tomar providências no sentido de repor justiça, é o que nos permite defender quando nos sentimos atacados, ou seja, tal como as outras emoções, tem uma tendência de resposta natural, adaptativa e essencial à sobrevivência.

 Quem não tem consciência das suas emoções ou as intelectualiza, não as pode utilizar como guia. Se ignorarmos a informação que as emoções nos dão, perdemos o contacto com uma parte de nós. Dado que as emoções têm o seu papel, se são ignoradas, acabam por se mascarar e aparecer com mais intensidade ou doutra forma, (emoções secundárias) vestindo outras roupagens, gerando uma confusão de sentimentos e pensamentos desadaptativos.

A zanga que não é ouvida e/ou consciencializada pode crescer e tornar-se violenta, ela pode ir, desde uma leve irritação até à fúria e pode tomar conta de nós a ponto de ficarmos seus reféns e agirmos a partir dela e não a partir do que ela nos comunica, perdendo qualquer hipótese de mediação e de simbolização.

A tristeza, quando sistematicamente não é ouvida e atendida no seu direito de vivência, pode surgir vestida de zanga e rapidamente transformar-se em revolta e violência.

O medo, quando não é autorizado a existir, pode dar o braço à vergonha, e surgirem ambos mascarados de zanga, (como se o medo fosse para os fracos e a zanga para os fortes).

A própria zanga, tantas vezes é maltratada e calada que, também ela se pode esconder por trás duma aparente tristeza e acabar em depressão.

O hipercontrolo, a negação ou o constante impedimento de expressão da zanga, pode também levar a comportamentos do tipo passivo-agressivo e ao cinismo, ressentimento, amargura e hostilidade, trazendo graves problemas ao nível do relacionamento interpessoal e do bem-estar psicológico.

Se percebermos que a zanga é secundária teremos que validar e autorizar a vivência das emoções que atrás dela se esconderam. A zanga pode também ser instrumental, isto é, utilizada para obter do outro, por exemplo através da intimidação, o que se pretende.

Se a zanga for primária, é necessário vivê-la, perceber donde vem e o que nos quer transmitir. Assim que a escutarmos verdadeiramente será mais fácil regulá-la e agir com maior liberdade, podendo escolher o rumo da nossa acção, sem estar sob o seu controlo, e, pelo contrário, controlá-la, deixando-a fluir de acordo com a nossa vontade.

Depois de nos apossarmos da zanga, poderemos decidir com mais consciência, liberdade e noção das consequências o que fazer com a informação que ela nos trouxe. Nesse processo poderá haver ganhos, perdas, responsabilizações, perdão ou não perdão, mas terá de haver sempre aceitação da situação, para que a zanga deixe de ser perturbadora. Podemos então deixá-la partir, uma vez que já cumpriu o seu propósito.

Emoções “malditas” sejam pois bem-vindas. A riqueza de cada um de nós reside na riqueza da paleta com que vemos e pintamos o mundo. Fugir das emoções, sejam elas quais forem, é tornarmo-nos mais pobres, menos humanos e menos conscientes de nós, podendo conduzir a resultados devastadores. Afinal as emoções são, não só uma das formas através da qual lemos o mundo que nos rodeia, como também uma forma de nós próprios comunicarmos. Utilizar as emoções para comunicar pode ser tão reconfortante como assustador, tão poderoso como desastroso. É também nesta mediação entre o que as emoções nos dizem sobre nós e o que nós pretendemos comunicar, entre o que descobrimos e o que mostramos que reside muito do trabalho terapêutico.

 A melhor forma de encontrar ou reencontrar o nosso equilíbrio psicológico é estar atento às pistas que as emoções nos trazem, cada uma por si, sem as confundir, escutando-as, dialogando com elas, de modo a, por um lado libertarmos o nosso sentir, e por outro, regularmos as nossas acções, de modo a podermos ser mais conscientemente livres.

Cristina Marreiros da Cunha – Psicóloga e Psicoterapeuta

 

Sobre a dor II Tentativa de libertação da dor e do sofrimento

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No texto anterior “Sobre a dor – I” viu-se que quando se fala de dor fala-se também de sofrimento e foi explicada a sua definição. A intervenção, nestes casos, integra duas dimensões: física e psíquica, que aqui desenvolvo.

Existem várias metodologias psicológicas de intervir sobre a dor e o sofrimento, de entre elas:

– Ajudar a pessoa a reencontrar as suas estratégias de lidar com a situação, que se perderam com a dor e o sofrimento. Ao aperceber-se das diferenças nos seus comportamentos, a pessoa nota que sofreu uma reconstrução na qual a sua auto-estima e a sua auto-imagem ficaram alteradas. Este processo aumenta a auto-confiança tão necessária nestes casos e é de grande auxílio para o doente.

– Desenvolver a capacidade de gestão dos recursos da pessoa. Importa no processo terapêutico fomentar uma consciência dos recursos pessoais, sendo que a pessoa se apercebe do seu papel na gestão da sua vida. Essa gerência possibilita uma maior responsabilização do seu estado porque a própria pessoa facilita as decisões preferíveis para ela e que a podem fazer sofrer menos. Procurar colaborar com a dor e o sofrimento na vida da pessoa amplia significativamente a qualidade de vida da pessoa.

– Verbalizar a dor. Esta dimensão de intervenção evidencia todos os pensamentos que causam mais sofrimento como por exemplo verbalizando a dramatização desta forma: “nunca irei ter mais uma vida normal”, “nunca vou conseguir aliviar a dor”, “isto mata-me”, “a minha vida está estragada”. A descoberta destes pensamentos permite a pessoa constatar que estes tipos de pensamentos se diferenciam da verdadeira dor.

Sempre aliada à dimensão psicológica aparece a dimensão física, que não pode ser posta de lado. É também através do corpo que a pessoa sente a dor e o sofrimento. O corpo é então o ponto de união entre as duas dimensões e também entre a dor e o sofrimento.

Em geral, a pessoa com dor ou sofrimento não consegue fazer uma leitura correcta do seu corpo e dificilmente escolhe o que naturalmente seria bom para ela. No caso da doença da fibromialgia, o doente tem dores e sente muita fatiga e vive mal a actividade apesar de muitos estudos científicos apontarem que a actividade é muito boa para estes. Inclusive, especificamente a prática regular do yoga é entendida como sendo uma forma suave de melhorar a sua qualidade de vida.

Mas como é que a psicoterapia pode ajudar a aproximar-se do seu corpo?

Dr. Jon Kabat-Zinn escreve no seu livro sobre “A consciência plena” (Mindfulness) que “através do yoga, da relaxação e da meditação aumenta-se a conexão com o nosso corpo. Assim, conhece-se melhor o corpo. Têm-se mais confiança nele e lê-se com mais precisão os sinais que vai dando e daí pode-se harmonizar o nosso corpo.” Assim, este autor mostra que a aprendizagem corporal permite evoluir na realização do equilíbrio entre o corpo e a mente.

Neste momento estou num projecto para a inserção desta dimensão na minha intervenção psicoterapêutica. Esta aprendizagem é-me conhecida e fácil de implementar uma vez que tenho uma longa experiência de artes corporais.

A forma mais apropriada de intervir no corpo é com a aprendizagem da respiração, do relaxamento e da concentração. Os métodos para chegar a estes objectivos são vários. Apenas vou-me cingir aos que considero essenciais:

– A respiração é a ferramenta que permite regular o ritmo respiratório e deste modo reduzir e acalmar a dor e o sofrimento. Conhecer melhor o seu corpo é uma aprendizagem essencial para quem perdeu o contacto com ele. Ao respirar calmamente, a pessoa torna-se consciente e aproxima-se do seu corpo. Automaticamente, o ritmo cardíaco vai se tranquilizando o que causa na pessoa uma diminuição de dor e sofrimento.

– O relaxamento é também um meio pelo qual a pessoa aprende a distinguir a contracção da descontracção. Aliás, uma pessoa com dor tem tendência a contrair todos os músculos mesmo os que não estão afectados pela doença. Essa aprendizagem diferenciada do corpo permite ao doente obter maior descontracção pelo menos nas zonas não magoadas.

– A concentração é também um meio para atenuar a dor. Este aspecto pode ser realizado através de, por exemplo, a consciência do aqui e agora. Este exercício consiste em focalizar a atenção numa zona de dor. Este género de exercício pode ser difícil de realizar porque a pessoa com dor quer fugir desta zona. Acontece que, paradoxalmente, ajuda-a a aceitar a dor, aliviando-a!

É neste sentido que considero que a intervenção psicoterapêutica ajuda na tentativa de libertação da dor e do sofrimento. A psicoterapia auxilia mesmo a aliviar a dor procedendo desta forma à sua libertação. Igualmente, a intervenção ao nível corporal ajuda a pessoa a utilizar as ferramentas de maneira favorecer a esta diminuição da dor.

Importa realçar que a dor e o sofrimento fazem parte da condição humana e que ninguém está a salvo dessa experiência. Num artigo escrito em 2008 na revista de filosofia francesa online, sobre “A dor e o sofrimento”, um filósofo anónimo escreve que “existe um vínculo entre a dor e o sofrimento: “o sofrimento de viver e a dor de existir”. Essa descrição reforça o quanto a dor e o sofrimento por um lado estão intimamente dependentes um do outro e por outro lado estão ambos ligados à condição humana.

Se o ser humano tem que passar por essa experiência desagradável, o que pode ele fazer para a atenuar?

O meu conhecimento no Yoga transmitiu-me respostas quanto a esta noção de condição humana.

O Yoga é conhecido por todos como sendo uma prática corporal. No entanto, o Yoga faz parte de uma das linhas de pensamento da filosofia clássica Indiana. Destas diferentes linhas de pensamento, as “darshana”, refiro-me particularmente à escola de Patanjali, presumível autor do tratado dos Yoga-Sûtras, obra esta que foi escrita em sânscrito entre os séculos III ao V da Era Comum. Esta obra é considerada como uma das mais importantes do Yoga clássico.

Desta obra, vou mencionar a filosofia dos “klesas”, sofrimento em sânscrito. Segundo Vyasa e Samkhya-Karita (S.K.1), o sofrimento é separado segundo a sua origem em três categorias: aquele que provem da própria pessoa, “adhyatmika”, aquele que provem dos outros, “adhibhautika”, e aquele que provem de calamidades naturais, “adhidaivika”.

A primeira causa de sofrimento que provem da própria pessoa, “adhyatmika”, é aquele a que o Yoga se refere. Dentro das duas outras origens de sofrimento está também incluído o sofrimento de si mesmo. Neste sentido, a origem interior é a fonte principal do sofrimento tanto para a psicologia como para o Yoga.

A definição das “klesas” por Jean Papin no seu livro, “La voie du Yoga”, é traduzida como “as aflições, os sofrimentos que afligem a consciência e a condicionam”. As “klesas” são causas de sofrimento, ou mesmo, formas de pensamentos. A repetição destas leva então ao sofrimento.

As causas de sofrimento, “klesas”, apresentadas por Patanjali são divididas em cinco tipos: ego, “asmita”; medo de morrer, “abhinivesha”; aversão,dvesha”; apego, “raga”; ignorância, “avidhya”.

A ignorância, “avidhya”, é a causa de sofrimento mais subtil e é nela que se originam as quatro outras. Esta é definida por Tara Michäel como “a presença de noções falsas e contrárias a realidade”. É acreditar que se sabe quando se está errado. É confundir uma coisa com seu oposto.

Na obra os Yoga-Sûtras de Patanjali, descrevam-se pormenorizadamente as diferentes causas e depois fornecem-se os meios tanto físicos como psicológicos para acabar com o sofrimento.

O processo das “klesas”, é similar ao processo utilizado na intervenção psicológica da dor e do sofrimento, como foi referido ao evidenciar os pensamentos que afectam o estado da pessoa e o facto destes estarem desviados da verdade. A tomada de consciência dos mecanismos do sofrimento permite à pessoa atenuá-los e até mudá-los.

É igualmente fundamental na intervenção psicoterapêutica, juntar a aprendizagem do conhecimento corporal na diminuição da dor e do sofrimento, como previamente explicado através da respiração, relaxação e concentração.

Procurar eliminar a ignorância, “avidhya”, através da tomada de consciência é um meio para se libertar deste sofrimento e ajuda a caminhar para a liberdade absoluta e para a serenidade. O discernimento, “viveka”, é desenvolver a faculdade de ver com clareza, sem ambiguidade e de forma constante. Ao atingir o discernimento, acaba-se com o sofrimento. A prática do yoga é uma forma de aplicar no nosso quotidiano estes conceitos.

Concluindo, na intervenção psicoterapêutica é capital abranger tanto a parte física como a parte psíquica. Ao aliar a componente da prática física poder-se-á potenciar a libertação da dor e do sofrimento.

Devemos então “aprender a viver de dentro, a sempre agir de dentro…” (in Sri Aurobindo, Cartas sobre o Yoga Vol. 4, p.248) para, ao atingir o autoconhecimento, acabar-se com o sofrimento.

Magali Stobbaerts

Mindfulness – Budismo e Psicoterapia – Actualização

Hoje, ao deambular pelo Medscape nos diferentes artigos acerca de mindfulness, apercebi-me de que já é absolutamente clara a eficácia de prática de Mindfulness quer na patologia depressiva, quer na patologia ansiosa, tendo-se provado eficaz em adultos mas também em crianças (*).

Resta alargar os estudos de eficácia a outras doenças afectivas (Doença Bipolar, p. ex.) e patologias não-afectivas (Psicose Esquizofrénica, Perturbação Delirante, p. ex.) e não me admiraria que revelasse benefícios importantes também nestas doenças.

É natural que se questione qual o mecanismo de eficácia do Mindfulness, mas a resposta só pode ser simples numa prática cujo fundamento é também supremamente simples e apenas um: estar atento e desperto no momento presente.

Não existem outros propósitos e não se pode decompor um fundamento tão simples como este.

É provável que por este mesmo motivo se revele transversalmente eficaz em todas as patologias e idades.

De facto, Mindfulness não trata especificamente qualquer patologia porque                    não é um tratamento.

Mindfulness aprofunda a consciência de si próprio, o encontro consigo próprio, com o Eu mais profundo, com o porto de abrigo mais recôndito que cada ser humano                  traz dentro de si.

Este encontro com o Eu é um encontro que se dá no silêncio da mente e que transcende o habitual ruído produzido pelo ego na manifestação sempiterna dos seus infindáveis dramas, das suas incessantes vitórias e outras tantas derrotas.

O mistério que sobra é este: como pode a prática da atenção consciente sobre o momento presente ter efeitos tão dramáticos sobre a depressão e ansiedade?

Porque de facto, Mindfulness não consiste num trabalho consciente sobre crenças disfuncionais, respostas emocionais desajustadas, reeducação do hiper-controlo, reconstrução da auto-estima, aquisição de competências para relações objectais mais saudáveis, aquisição de novos e mais adaptados estilos relacionais, entre outros objectivos específicos da psicoterapia.

Não. Nada disso.

Resta perguntarmo-nos de onde vem esta Paz que transcende todos os conflitos e resolve imperceptivelmente a inquietação humana?

Não me admiraria que nunca cheguemos a resposta alguma.

Porque nos deparamos com um paradigma fenomenológico não classificável como fenómeno psicológico sequer.

De facto, a consciência é o palco de toda a manifestação psicológica humana, é o pano de fundo de todos os autores da vida psicológica humana, é o substrato vivo onde se desenrola toda a vivência consciente dos fenómenos.

Mindfulness não se foca nos fenómenos mas apenas no aprofundar da consciência.

E a consciência é a única vivência permanente e imperecível do Ser.

Tudo o mais – pensamentos, emoções, e seus derivados mais complexos, como crenças, padrões de resposta emocional, estilos relacionais, entre outros – são sempre expressões efémeras, mais curtas ou mais longas, mas sempre efémeras e (eventualmente) mutáveis mediante trabalho consciente sobre a valência manifestada que se pretende modificar.

Ao fim de 2600 anos da presença do Mindfulness na humanidade – sendo possível que seja mesmo anterior a Buda – descobrimos que este método de aprofundamento espiritual da Consciência é misteriosamente eficaz.

Pela primeira vez surge um método proveniente duma disciplina espiritual milenar, que revela eficácia no alívio do sofrimento humano e que não se foca na modificação e reenquadramento das vivências psicológicas, mas antes no simples aprofundar da vivência Consciente.

É provavelmente que este mistério não venha nunca a ser desvendado.

Porque os mistérios, à semelhança da fenomenologia psicológica, pertencem ao reino da mente, e Mindfulness pertence ao reino do Ser.

Dr. João Parente – Médico Psiquiatra e Psicoterapeuta

(*) – Artigos no Medscape sobre Mindfulness