Sobre o Ciúme

“ – Senhor, cuidado com o Ciúme. É um monstro de olhos verdes, que escarnece da carne de que se alimenta.”

William Shakespeare (in Othello, 3º acto; Iago dirigindo-se a Otelo)

 

Quando falamos de ciúme, ocorre-nos provavelmente, em primeiro lugar, a sua expressão nas relações amorosas, mas podemos encontra-lo em relações fraternais face ao amor/atenção dos pais/cuidadores, entre amigos face a um outro amigo, tido, por qualquer razão, como especial, ou entre colegas em relação a professores, chefias, etc.

Descartes, distinguia entre “ciúme bom” -cuidador, protector- e “ciúme mau” – amor errado, má opinião de si ou do outro-.

Permito-me agarrar naquilo a que Descartes chama “ciúme bom”, e considera-lo uma parte do amor que cuida e protege o ser amado não desejando perdê-lo. Essa parte é de facto amor, quando adaptada à situação e à idade (não se protege e cuida da mesma forma um bebé, uma criança, um adolescente ou um adulto, nem se cuida ou protege nenhum deles sempre da mesma forma), porém, quando se protege e cuida duma forma desadequada, (uma forma que não tem a ver com as necessidades do outro, mas com as do próprio) aí encontramos o “não amar da maneira certa”. O sentimento de posse e o medo de perda tornam-se superiores ao gesto de cuidar e proteger restringindo as necessidades e vontade do outro.

Olhemos para o ciúme como uma reacção complexa a uma ameaça (real ou imaginada) a uma relação de apego diádica que se valoriza. A ameaça é vista como algo ou alguém (rival) que interfere nessa relação.

A reacção que o ciúme gera, envolve emoções complexas, de frustração (um misto de tristeza, zanga e medo) que pode levar à angústia, à raiva e à vergonha por se antever ou imaginar que se perde a “relação de primazia” com o ser (objectificado, porque não livre) que se deseja seu.

Percebemos assim que o ciúme se relaciona sobretudo com o sentimento de posse de alguém de quem o ciumento necessita para ser preferido, para ser amado (já que o próprio não consegue fazê-lo), e não com o amor ao outro ou do outro enquanto livre escolha (já que o próprio receia que ele/ela não o faça, se não for preso/controlado).

“Má opinião de si” dizia Descartes, (Freud falava de “ferida narcísica”), pensemos em termos de um processo de vinculação parental que não foi suficientemente segura durante a infância e que conduziu a uma baixa autoestima, contribuindo para as dificuldades ao nível da maturação emocional e da concepção de si como ser autónomo e “amável” (passível de ser amado). Podemos imaginar que quanto menos segura foi essa vinculação, mais o ciúme pode ter tendência a ser patológico, procurando obcessivamente certificar-se de um apego que paranoicamente vigia, podendo, com isso, acabar por destrui-lo, reconfirmando então os sentimentos de impossibilidade de ser amado e perpetuando o ciclo.

Retomando a citação de Shakespeare, diria que todos nós podemos conviver facilmente com um sorriso de olhos verdes que nos pisca o olho, de vez em quando, de dentro do nosso bolso, alertando-nos para a nossa vulnerabilidade, receios, desejos, ilusões e mágoas, a que talvez devêssemos prestar mais atenção para melhor nos conhecermos. O problema agrava-se quando o sorriso se fecha, nos escapa do bolso e começa a degradar a nossa relação. E pior será, quando o monstro, que se alimenta de quem o alimenta, crescer e atingir proporções que poderão ter terríveis consequências. (Otelo mata a sua mulher, Desdémona)

Quando o ciúme se torna monstro chamamos-lhe patológico, há desconfiança constante, agressão verbal e compulsão a verificar as acções do/a parceiro/a (escutar conversas, ver mensagens e e-mails, ou mesmo segui-lo/la). Curiosamente, estas tentativas de aliviar o desconforto, não só não resultam porque não são duráveis, como têm tendência a agravar-se podendo desembocar em situações de delírio, em que a interpretação da realidade é feita através dos receios do próprio e de imagens, que fantasia e projecta, antecipando-as ou vivendo-as como reais. Estas interpretações delirantes podem levar a conclusões erradas e a acções desastrosas, uma vez que as crenças sobre o que se está a passar não são permeáveis à testagem da realidade. Estes casos, para além de intervenção psicoterapêutica, necessitam de intervenção psiquiátrica, em muitas situações com caracter urgente.

Não nos iludamos; jamais o ciúme poderá ser prova ou resultado de muito amar. É sim, o medo desesperante de abandono, de vazio, de impossibilidade de ser, perante a perda da posse, da exclusividade ou da primazia de quem queremos que nos ame, porque nós não aprendemos a fazê-lo e não acreditamos que alguém o possa fazer, se não estiver sob a nossa vigilância e controlo. Assim… seremos também incapazes de saber amar um outro ser livre. A Corrosão seguirá o seu ciclo, como diz o poeta, “escarnecendo da carne de que se alimenta”

 Cristina Marreiros da Cunha – Psicóloga e Psicoterapeuta

Elogio -benefício e dependência-, Auto-estima e Bem-estar

elogio

O elogio pode definir-se como sendo um louvor, ou seja, é a expressão de uma opinião favorável e de apreço por alguma coisa e, ou, por alguém.

O apreço, é um componente do amor e da amizade. Todos nós, enquanto seres sociais e em relação, gostamos de nos sentir apreciados pelos que nos são mais próximos e significativos, pois essa é uma forma de nos sentirmos gostados e amados.

Um indivíduo adulto, em princípio, não deve ter necessidade de ser elogiado por pessoas que não lhe sejam particularmente chegadas, embora possa gostar de sentir o seu trabalho reconhecido, pois isso reforça o seu sentido de competência.

A investigação já mostrou o caminho que conduz as crianças a tornarem-se adultos autónomos, sem necessidade absoluta de reforços externos (o que não significa não ver o seu trabalho dignamente remunerado ou respeitado). A Teoria da auto-determinação de Ryan e Deci, diz-nos que a motivação regulada por factores externos (como, por exemplo, o elogio), será posteriormente introjectada, depois identificada e integrada, isto é, transformar-se-á, progressivamente, numa motivação muito próxima da intrínseca, que não necessita de reforço externo e que nos é natural. Para que este caminho seja possível é necessário que a criança se vá sentindo:

competente (ter confiança nas suas capacidades para conseguir os seus objectivos)

,– autónoma (sentir algum grau de liberdade – adaptada à idade – para tomar as suas decisões sem se sentir pressionada ou recriminada) e

– apoiada (ter relações interpessoais satisfatórias e colaborativas).

Assim, podemos perceber que a ausência de elogios sinceros específicos e bem orientados na infância contribui para a pouca perceção de competência.

Este facto poderá reflectir-se na vida adulta, quer ao nível das tomadas de decisão na vida pessoal e profissional, quer ao nível da dependência do elogio, para ser possível sentir algum valor pessoal. Como se a essência da pessoa tivesse ficado nas mãos de outros a quem atribuímos o poder de a controlar…

Não havendo reconhecimento externo, ou a pessoa aprendeu a funcionar suficientemente bem com os seus padrões e reforços internos, ou seja, independentes do reforço externo que recebe, ou a sua motivação diminui, podendo mesmo conduzir a estados depressivos.

O elogio e a crítica construtiva são guias preciosos de orientação para se perceber o que fazer e como fazer.

Pode ser mais importante uma crítica construtiva, do que um falso elogio. A crítica nunca deve ser humilhante e não deve ser dirigida à pessoa, mas sim ao seu comportamento específico em determinada circunstância. Uma criança nunca deve sentir que o amor por ela está, ou fica posto, em causa “se”… (qualquer coisa que não agrade aos pais).

Se tudo é sempre bom e elogiado ou se tudo é sempre mau e nunca elogiado, a criança não tem guias externos que possa ir interiorizando ao logo do seu desenvolvimento.

O elogio deve ser específico a determinada tarefa ou comportamento, contribuindo, assim, para que a criança se aperceba do que é capaz (percepção de auto-eficácia) e sirva, também, como guia motivador do caminho a seguir.

Quando elogiamos alguém, devemos ser genuínos, não bajuladores ou manipuladores, focando-nos no que queremos elogiar. Os elogios devem dirigir-se ao empenho, envolvimento, método, bem-estar, auto-satisfação, etc.

A criança deve ser elogiada sobretudo no sentido de se sentir bem com o que faz, devendo ser realçado: o empenho com que se dedicou à tarefa, a satisfação que sentiu ao fazê-la ou ao terminá-la, o tempo que lhe dedicou, ou as descobertas que fez no percurso. Porque, se o resultado não foi bom, não vale a pena dizer que foi. Contudo, se o empenho foi grande, se o trabalho foi bem planeado, ou feito com dedicação, então essa deve ser a parte a merecer o elogio.

Isto não é o que algumas escolas obcecadas com rankings, ou empresas, querem ouvir, mas o importante para o bem-estar psicológico do indivíduo é o processo e não o resultado.

Quando se elogiam os resultados e não os processos, estamos a transmitir um sinal de que o importante é chegar lá e não como chegar lá. (Daí à batota e à corrupção vai um passo). Além disso, não estaremos a contribuir para o saborear dos processos, nem para a sua introjecção, dificultando assim, a integração da motivação, e contribuindo para que se mantenha a necessidade de reforço externo. Ao premiar resultados, que podem ter pouco a ver com o trabalho e a realidade específica da criança, podemos estar a definir metas absolutas, que para alguns serão inatingíveis, o que fará com que se desmotivem, à partida, para qualquer trabalho que, sabem, nunca irá chegar aos resultados que são esperados, e os únicos que, aparentemente, merecem ser elogiados. A criança, em vez de aprender a tirar satisfação do que faz e dos seus próprios progressos, aprende que há um lugar inatingível onde ela nunca chegará, podendo sentir-se responsável pela desilusão dos seus pais que não se podem orgulhar dela. Fica assim esquecido, o valor fundamental da auto-realização, continuando-se a fomentar a dependência da “cenoura” (reforço externo) para se ter a sensação de sucesso.

Este tipo de ênfase conduz, na maior parte das vezes a adultos que, sendo bons ou mesmo muito bons no que fazem, (e teoricamente bem sucedidos) encerram em si, uma enorme sensação de vazio, de ansiedade generalizada e de desconhecimento de si próprios, vivendo quase permanentemente em desassossego e com uma auto-estima baixa, apesar dos “sucessos”.

A baixa auto-estima está sobretudo associada a uma expressão deficiente dos afectos, ou seja, a um amor que é percebido pela criança como sendo condicional e relacionado com os seus feitos, resultados ou comportamentos.

As crianças com baixa auto-estima não se sentem amadas pelo que são, mas pelo que fazem

A baixa auto-estima está associada a dois estilos educativos, nomeadamente ao estilo autoritário com altos graus de exigência combinado com pouca demonstração de afecto e ao estilo permissivo, ou seja, sem regras e afectivamente desligado. No primeiro caso, os elogios são muito raros, pois a criança necessita de atingir os altos padrões exigidos pelos pais, e ainda assim, o elogio pode vir com um “mas”, como é o caso de frases como: «Estiveste bem, mas não fizeste mais do que a tua obrigação», ou «Nada mal, mas podias ter feito ainda melhor». É assim passada a ideia de que nunca nada é suficiente para se merecer um elogio (sem “mas”), ou para se estar à altura das expectativas dos pais/cuidadores. No segundo caso, pode haver elogios, só que estes são arbitrários, sem critério, o mesmo podendo acontecer com as críticas que podem “chover”, aleatoriamente, pois não há uma real atenção à criança nem às suas necessidades. Elogios e críticas surgem assim ligados à boa ou má disposição dos pais, e não a qualquer tentativa de guiar a criança com coerência.

Um dos objectivos da educação – e da psicoterapia, enquanto reexperienciação e reparação de processos danosos – será tornar o adulto capaz de ser juiz de si próprio, logo, capaz de se conhecer e saber avaliar o seu trabalho, e sentir quando está plenamente satisfeito com o que fez, ou não. Esta regulação entre a auto-satisfação e a tolerância à auto-insatisfação é essencial para a nossa sensação de Realização Pessoal e de Bem-estar Psicológico

A auto-satisfação terá tendência a proporcionar tranquilidade, enquanto a auto-insatisfação poderá funcionar como motivação para a aprendizagem.

Se nos reportarmos ao Modelo de Complementaridade Paradigmática (MCP) de António Branco Vasco, um, dos sete pares de necessidades psicológicas, é precisamente: Tranquilidade —- Actualização/exploração. Outro dos pares é: Auto-estima —- Auto-crítica.

Será fácil perceber a importância do elogio e da crítica construtiva durante a infância, para a boa regulação destas duas necessidades, de polaridades opostas, mas dialeticamente complementares; por um lado, a capacidade para a pessoa se sentir satisfeita consigo própria (auto-estima) e por outro lado, a capacidade para identificar, tolerar e aprender com insatisfações pessoais (auto-crítica).

De acordo com o autor do MCP, é, precisamente, o processo contínuo de negociação e balanceamento das duas polaridades que permite o Bem-estar Psicológico.

Cristina Marreiros da Cunha – Psicóloga e Psicoterapeuta

 

A “Cinderela” improvável…

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Alexandre, engenheiro de electrónica e telecomunicações, um jovem de 32 anos, profissionalmente bem sucedido, inteligente, articulado, dizia-me:

            – É isto que eu não entendo em mim, compreende? Posso achar uma mulher muito interessante, começo a sair com ela, de início corre tudo muito bem e depois lá dou por mim a pensar que seria melhor se ela ganhasse tão bem como eu, senão depois vamos ter chatices porque vai haver esta diferença de ordenados o que vai gerar problemas porque, bem ou mal, quem ficar a ganhar menos vai sentir-se menos bem que aquele que ficar a ganhar melhor, mas depois, no meio destes raciocínios, percebo que não faz sentido nenhum e que é ridículo pensar assim!

            – O que você procura é uma companheira…

            – Sim, exatamente! Mas se não for isto é outra coisa qualquer! No outro dia, quando estava com a Vera comecei a pensar na impressão que ela causaria nos meus amigos e nas mulheres deles. E se eles não gostarem dela? Que figura vou eu fazer? A Vera nem sequer licenciada…

            – E as mulheres dos seus amigos são todas licenciadas?

            – É aqui que se torna outra vez ridículo: De todos os meus amigos mais próximos só um é licenciado e só a mulher dum outro é que é também licenciada! Mas, mais uma vez, nada disto é realmente importante!

            – Alguma importância há-de ter ou estes pensamentos não lhe ocorriam sequer…

            – Mas também não quero uma “tótó” do meu lado, quero uma mulher que saiba falar, que seja divertida, que saiba comunicar…

            – Então, e resumindo, ela tem que ganhar mais ou menos o mesmo, tem que ser licenciada e extrovertida?

            – Já viu o ridículo destes pensamentos?

            – São filtros que você impõe a si próprio – acrescentei.

            – Mas com tantos filtros, uns atrás dos outros, nunca vou encontrar quem quer que seja!

            – Já pensou que pode bem ser essa a função desses filtros todos?

            Alexandre apenas sentia que existia conquanto os outros lhe confirmassem a sua existência, sentia-se aceite na mesma medida da aprovação externa e conduzia a sua vida, bem como a sua auto-estima, na dependência da evidência de ser ou não validado por terceiros.

            Desta forma, atormentava-o a ideia de ficar só porque a solidão significava a vivência de um arrebatador vazio existencial onde Alexandre não conseguia ver-se nem sentir-se, existir ou ser.

            Não compreendia, Alexandre, que não eram os outros que não o viam, que não o aprovavam ou não o aceitavam, mas antes que era ele que não se via a si próprio, não se aprovava ou aceitava senão na lógica, não do que os outros pudessem pensar dele, mas antes do que ele supunha e conjecturava fosse aceitável e aprovável aos olhos dos outros.

            Alexandre vivia cego para si próprio no pressuposto de que só existia se outros reconhecessem essa mesma existência.

            Assim, havia que fugir a todo o custo da experiência de quase morte que representava a solidão.

            Era urgente encontrar uma companheira que o resgatasse desta solidão, que o resgatasse da sua cegueira – e era aí que tudo se tornava mais difícil.

            Alexandre alicerçava a sua incapacidade para um relacionamento mais profundo numa miríade de requisitos que as candidatas deveriam ter.

            Frequentemente iniciava um relacionamento que estaria condenado a acabar pouco tempo depois por um qualquer motivo menos óbvio.

            E assim, convencido de que mais valia esperar pela “mulher certa”, repetia-se a história do príncipe à procura da sua improvável Cinderela.

            E enquanto esperava, abatia-se sobre ele o tão intolerável quanto familiar sentimento ensurdecedor de solidão e abandono: “Com a minha idade, a maioria dos meus amigos já estão todos casados!”

            Enquanto o príncipe se entretinha a comparar as “cinderelas” dos seus pares às suas candidatas, enquanto cedia aos motivos mais tortuosos para as excluir do seu universo afectivo, não tinha que se encarar a ele mesmo, ao seu sentimento de profunda inadequação e incompetência afectiva – o pavor da intimidade não era senão o pavor que alguém descobrisse a sua humanidade e falibilidade por detrás de todas as suas irrazoáveis exigências de perfeição – e descobrindo-o, o devolvesse a ele próprio, falho, imperfeito, humano, mas porventura amado.

(NOTA – O nomes, a idade do paciente e a sua profissão são fictícios.)

João Parente – Médico Psiquiatra e Psicoterapeuta

Assertividade – Como se afirmar sem gritar.

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Diz-se que a sociedade de hoje está muito egoísta mas, na verdade, em muitos momentos sentimos dificuldade em afirmar o que somos, pensamos e sentimos em diversos contextos (profissional, social, familiar, conjugal, etc).

De facto, muitas vezes se confunde agressividade com assertividade. A grande diferença entre ambas é que na primeira afirmamos-nos atacando, não dando espaço ao/s outro/s enquanto que na segunda somos capazes de reconhecer o outro que é necessariamente diferente de nós, com as suas expectativas, crenças e sentimentos, dando-lhe espaço para manifestar-se. No fundo, para sermos assertivos temos de aceitar que eu não sou o outro nem o que o outro espera de mim, mas também o inverso, e que os conflitos, sejam internos (connosco próprios) ou externos (com outro/s) fazem parte da existência humana.

Além da aceitação da diferença e do conflito, a assertividade pressupõe auto-estima, ou seja, gostarmos de nós próprios, para termos capacidade e nos julgarmos merecedores de satisfazer as nossas necessidades. Quando a auto-estima é deficitária, por norma, temos uma atitude passiva, pondo o controlo no outro. Não reconhecemos os nossos direitos e não os reivindicamos o que pode gerar um ciclo vicioso pernicioso: “ninguém me respeita”, “abusam sempre de mim”, etc., quando somos nós próprios que o permitimos.

Existe também o comportamento manipulativo no qual, de forma discreta, damos a entender que atendemos às necessidades dos outros, mas só o fazemos para ter ganhos próprios. Primeiramente poderá ser confundido com assertividade, mas quando descoberto, minará as relações interpessoais.

É salutar que em situações em que nos sintamos mais vulneráveis adoptemos uma assertividade mais defensiva e agressiva enquanto que quando nos sentimos protegidos e aceites a tendência é uma assertividade mais passiva, pois não temos necessidade de nos afirmar.

A assertividade pode ser aprendida e desenvolvida. Habitualmente, temos mais dificuldade em determinados settings (por exemplo, não temos qualquer questão com os nossos familiares, mas não conseguirmos ser assertivos com o nosso chefe), ou seja a pessoa não se categoriza assertiva em termos absolutos mas sim contextualmente.

Ao sermos mais assertivos aumentamos o respeito por nós próprios e autoconfiança no relacionamento com os outros, não tendo uma necessidade constante de aprovação. Consequentemente, os outros respeitar-nos-ão mais e teremos relações interpessoais mais satisfatórias.

Catarina Barra Vaz