Dificuldades na intervenção na Depressão

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Portugal é o país europeu e o segundo do mundo com maior taxa de depressão na ordem dos 25%, pelo que, apesar das variáveis com melhor predição no sucesso terapêutico serem as carcterísticas do próprio paciente e a relação terapêutica em vez do correcto dignóstico de Eixo I, é urgente compreendê-la e antecipar dificuldades específicas.

Na maior parte das vezes, a depressão tem na sua base uma vivência de abandono ou perda, que face a um deteminado acontecimento de vida, activa crenças de incapacidade, falha, culpabilidade invadindo o funcionamento relacional, profississional e social de quem a sofre e aniquilando uma vivência tranquila do aqui e agora. Parafraseando o Professor Coimbra de Matos “nada ou pouco interessa no presente real e pouco ou nada é imaginado como bom ou apetecível no amanhã”.

A lentificação e a falta de prazer poderão constituir dificuldades ao terapeuta, nomeadamente, impaciência face à sua genuína vontade de ajudar o paciente. É também necessário que o clínico se sinta confortável para lidar com a temática da morte, tantas vezes presente, quer em pensamentos quer em acção, na depressão. Face à tristeza, é natural sentir compaixão, e por vezes,  um impulso de tirar a pessoa do seu “buraco negro”, que deveremos refrear. A validação e a empatia assumem aqui um papel fundamental. Deveremos “ver” a sua história na sua prespectiva, sem julgamento, reconhecendo o seu sofrimento, e mostrando que estaremos ao lado dele, sem pressa. Só assim, este poderá reescrevê-la, aceitá-la e, mais tarde, implementar as mudanças necessárias para recuperar o contacto consigo e com o mundo. Qualquer ganho, por mais pequeno que seja, como por exemplo, ficar na cama 14 horas e 45 minutos por dia em vez das15 horas habituaus deverá ser reforçado.

Assim, deveremos ser responsivos na nossa intervenção, ou seja, o processo terapêutico deverá ser como uma dança, cujo ritmo é dado pelo paciente, com o objectivo comum de melhoria do seu bem-estar.

Catarina Barra Vaz – Psicoterapeuta e Neuropsicóloga