TENSÃO PRÉ-MENSTRUAL NO CASAL

Uma grande percentagem de mulheres (na realidade a sua grande maioria) sofre de tensão pré-menstrual (TPM) e todos os meses trava uma dura batalha com o seu corpo e sistema emocional. E infelizmente, na sua generalidade, parece que esta altura do mês se reveste de uma energia tão própria que apenas nos podemos render a expressões como “à beira de um verdadeiro ataque de nervos”….. “alguém me ajude!!!!!”

Entre os vários sintomas que caracterizam esta fase tão especial do mês (cerca de 10 dias a uma semana antes da menstruação) encontram-se:

  • Irritabilidade/Nervosismo/Agitação
  • Ataques de choro/vontade exacerbada de chorar
  • Raiva
  • Insónia
  • Dificuldade de concentração
  • Depressão
  • Sensação de cansaço
  • Ansiedade
  • Baixa autoestima
  • Abdómen e pernas inchadas
  • Prisão de ventre
  • Tensão mamária
  • Aumento de apetite
  • Dores de cabeça/enxaqueca

Estes sintomas podem variar de mulher para mulher nas suas características e intensidade e a forma como cada mulher lida com o respetivo quadro condiciona decisivamente a sua qualidade de vida nesta fase.

Para além do fator individual em causa, o mais comum é que aqueles com quem a mulher se relaciona sejam naturalmente envolvidos neste quadro, sendo que a sua postura face a esta questão pode ser de grande influência na atenuação ou aumento dos sintomas.

No casal, esta altura do mês está muitas vezes associada a um verdadeiro campo de batalha que ao fim de algum tempo pode afetar substancialmente a qualidade e investimento na relação.

São muito comuns as queixas por parte dos homens em relação a esta fase do mês e com o tempo é natural que alguma da sua paciência e compreensão possam começar a desaparecer. Compreender esta dinâmica e assumir uma postura ativa e responsável perante a situação é fundamental para manter o equilíbrio da relação.

É fundamental que, estando ambos envolvidos, trabalhem ativamente e em conjunto para que este período seja o mais pacífico possível. Poderão, inclusivamente, aproveitar esta fase para conhecerem um pouco melhor os seus mecanismos individuais de funcionamento e os padrões disfuncionais na relação e reforçar a intimidade no casal.

Cada um deverá assumir a sua responsabilidade na dinâmica de casal e observar o seu comportamento e a forma como este condiciona o quadro final. Por exemplo, é muito comum que a maior carência e sensibilidade da mulher nesta fase acione no homem a impaciência e agressividade por se sentir impotente para resolver ou melhorar a situação. A mulher poderá sentir-se então ainda mais sensível e incompreendida e o ciclo vai-se mantendo.

Observar ativamente, desenvolver o autocontrole e mecanismos facilitadores ou atenuadores do desconforto são elementos fundamentais ao longo deste processo.

Esta mudança poderá ser apenas individual (levada a cabo por uma das partes) e revelar-se positiva por se traduzir numa mudança do padrão habitual. Contudo, quando assumida e mantida pelos dois elementos do casal torna-se, naturalmente, mais sólida e construtiva.

Quando este processo se torna muito difícil e sentimos que não conseguimos dar a volta sozinhos é útil reconhecê-lo e procurar ajuda.

Realizado com sucesso, este trabalho poderá contribuir para reforçar grandemente a cumplicidade, partilha e autenticidade na relação!

Sofia Rodrigues – Psicóloga e Psicoterapeuta

Estar deprimido….. como lidar com a depressão?

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Hoje em dia, são cada vez mais os relatos de casos de depressão ou de um humor grandemente depressivo.  Contudo, é importante ter em consideração que existem diferenças entre um quadro de “Depressão” e oscilações normais de humor.

Todos nós temos dias em que nos sentimos mais animados e positivos e dias em que nos sentimos com menos energia e motivação. Estas oscilações emocionais fazem parte do próprio sistema de homeostasia emocional do nosso corpo e são perfeitamente normais. O ideal será respeitar ao máximo estas emoções, observá-las, aceitá-las e descobrir a melhor forma de lidar com estas variações de humor.

De notar que aceitar e respeitar uma emoção não significa inércia ou que nada façamos para encontrar uma forma de lidar eficazmente com esta. Por exemplo, se nos estivermos a sentir particularmente tristes ou com falta de energia podemos ser ativos na procura de uma estratégia positiva que nos permita subir um pouco a nossa energia e nos proporcione prazer. Estas alternativas dependerão de cada individuo, dos seus gostos e preferências e do seu próprio mecanismo de funcionamento individual. Para algumas pessoas, um passeio junto ao mar opera milagres, para outras poderá ser a companhia dos que lhe são queridos, uma sessão de exercício físico, ou mesmo, a combinação de várias atividades.

Quando os sintomas “depressivos” persistem durante um período de tempo contínuo e prolongado podemos então falar de um quadro depressivo, com diferentes níveis de intensidade.

A depressão diferencia-se então das normais mudanças de humor pela gravidade e permanência dos sintomas. Está associada, muitas vezes, a ansiedade e/ou pânico.

Os sintomas mais comuns são:

  • Desinteresse, apatia e tristeza;
  • Modificação do apetite (falta ou excesso de apetite);
  • Perturbações do sono (sonolência ou insónia);
  • Fadiga, cansaço e perda de energia;
  • Sentimentos de inutilidade, de falta de confiança e de autoestima, sentimentos de culpa e sentimento de incapacidade;
  • Falta ou alterações da concentração;
  • Preocupação com o sentido da vida e com a morte;
  • Alterações do desejo sexual;
  • Irritabilidade;
  • Manifestação de sintomas físicos, como dor muscular, dor abdominal, enjoo.

 

Muitas vezes o indivíduo pode evitar procurar ajuda especializada, ao sentir-se embaraçado e humilhado por não ser capaz de executar uma determinada tarefa ou atividade ou por “não ter razões para estar deprimido”.

No entanto, existem ainda casos em que a depressão é considerada como uma parte inevitável e normal da vida, sendo por isso, negligenciada.

A depressão clínica é uma condição séria e ameaçadora da vida. Quando o nosso funcionamento se deteriora e os pensamentos são cada vez mais sombrios e sobrecarregados devemos procurar ajuda adequada e iniciar o mais rapidamente possível uma abordagem psicológica/psicoterapêutica.

Durante este processo, é muito importante ter em consideração uma série de aspetos, sendo que o primeiro passo passará sempre, inevitavelmente, pela consciência e aceitação da sua situação e pelo desejo de mudança:

  • Procurar adotar uma alimentação saudável e ter um sono regular (6 a 8 horas, consoante as necessidades individuais). Se existirem insónias, ler ou dedicar-se a alguma atividade e no dia seguinte tentar acordar à hora planeada ou não muito mais tarde. Tentar não dormir durante o dia, para que o corpo sinta sono no período normal da noite.
  •  A prática regular de técnicas de respiração e meditação constitui um valioso contributo na recuperação e prevenção futura.
  • Praticar exercício físico que produz a estimulação de adrenalina (durante) e endorfinas (após), proporcionando energia e uma sensação de bem-estar.
  • Praticar atividades prazerosas e contrariar a inércia que aumenta a sensação de inutilidade e derrota. Elaborar uma pequena lista com algumas tarefas que sejam realistas e concretizáveis (ir adaptando consoante a evolução), tentar que sejam agradáveis mas se não o forem não se culpabilizar ou martirizar. Insistir e pensar em novas alternativas.
  • Procurar a companhia de amigos, sair, conversar, partilhar.
  • Identificação de pensamentos negativos e destrutivos e substituí-los por pensamentos positivos e mais adaptados.

A ajuda psicológica/psicoterapêutica poderá constituir-se como um auxiliar muito positivo de identificação de fatores disfuncionais, de criação de alternativas e estratégias adequadas para lidar e ultrapassar o quadro depressivo, e na planificação e gestão de novas rotinas e hábitos de vida.

Sofia Rodrigues – Psicóloga clínica e Psicoterapeuta