Todos nós temos as nossas necessidades próprias que variam consoante a fase da nossa vida e a importância que atribuímos a cada uma delas.
O modelo de necessidades mais conhecido globalmente é a pirâmide de Maslow que defende a existência de três grandes tipos de necessidades:
– Necessidades básicas: Fisiológicas (alimento, repouso, vestuário, habitação) e Segurança (saúde, emprego, propriedade, família e recursos);
– Necessidades Psicológicas: Amor/Relacionamento (amizade, família, intimidade sexual) e Estima (Auto-estima, auto-confiança, respeito dos outros)
– Necessidades de Auto-realização: Realização pessoal (moralidade, solução de problemas, aceitação da realidade)
António Branco Vasco, professor e psicoterapeuta português, defende que as necessidades psicológicas são as condições que precisamos para o nosso bem-estar psicológico, para nos sentirmos bem connosco próprios e consequentemente com os outros e com o mundo.
Identifica 14 necessidades psicológicas vitais, cujo grau de satisfação é sinalizado pelas emoções e resulta de um processo contínuo de negociação e balanceamento das 7 polaridades dialéticas:
Prazer: capacidade de conseguir disfrutar de momentos que oferecem prazer, bem-estar e retirar sensações agradáveis dessas experiências.
Dor: capacidade de tolerar o sofrimento, de o encarar e aceitar como produtivo e inevitável perante circunstâncias dolorosas e entendê-lo como algo com que é possível crescer e aprender
Proximidade: Capacidade para estabelecer e manter relações íntimas
Diferenciação: Capacidade de se diferenciar e ser determinado nas suas escolhas que define quem é
Produtividade: Capacidade para alcançar e realizar acções importantes para o próprio
Lazer: Capacidade de relaxar e estar confortável com essa sensação de relaxamento
Controlo: Capacidade de o indivíduo influenciar o ambiente que o rodeia
Cooperação ou Cedência: Capacidade de delegar e abdicar de recompensas imediatas por outras melhores no futuro, na partilha do controlo pessoal
Exploração ou Actualização: Capacidade de explorar e de se expor ao que é novo
Tranquilidade: Capacidade de se aproveitar o que se tem no momento presente
Coerência do Self: Congruência entre o que pensa, sente e faz
Incoerência do Self: Capacidade de tolerar conflitos e incongruências ocasionais
Auto-Estima: Capacidade de se sentir satisfeito consigo próprio
Auto-Crítica: Capacidade de identificar, tolerar e aprender a partir das insatisfações pessoais
Os estudos feitos com base neste modelo apontam a regulação das necessidades de Tranquilidade, Proximidade, Auto-crítica e Auto-estima como melhor predictor de bem-estar.
De forma a sentir-me melhor consigo próprio, proponho que reflita sobre o seu grau de satisfação actual em cada uma das 14 necessidades psicológicas e procure o que lhe faz falta em cada uma delas. Deixo-lhe aqui algumas sugestões, necessidade a necessidade:
Prazer: Faça o que lhe dá prazer e esteja atento às sensações corporais;
Dor: Relativize a dor, tomando consciência de que ela não dura para sempre e procure retirar conhecimento dessa experiência;
Proximidade: Procure estar com as pessoas de quem gosta e conhecer pessoas novas;
Diferenciação: Mesmo sendo diferente das dos outros, afirme as suas escolhas, emoções ou ideias, de forma assertiva, tendo a noção que tem o direito à sua individualidade;
Produtividade: Planeie e execute actividades importantes para si e parabenize-se quando tenta alcançar os seus objectivos;
Lazer: mesmo que tenha coisas por fazer tire momentos para descansar e relaxar;
Controlo: Tome consciência das coisas em que tem controlo na sua vida ou que dependem de si
Cooperação/Cedência: Observe as coisas que não dependem somente de si, delegue/peça ajuda em tarefas que o sobrecarreguem;
Actualização/Exploração: Faça coisas novas e atente ao que aprendeu de novo a cada dia;
Tranquilidade: Observe o que tem de bom no momento presente;
Coerência do Self: Esteja atento ao que pensa, sente e faz e perceba se existe coerência nestes momentos;
Incoerência do Self: Atente aos seus conflitos interiores, se faz coisas contra os seus valores ou emoções e reflicta sobre as suas possíveis causas;
Auto-estima: Registe o que gosta em si
Auto-crítica: Observe as coisas a melhorar em si.
Catarina Barra Vaz – Psicoterapeuta e Neuropsicóloga