Pensar em mim? Mas posso estar a ser egoísta…

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Reconhecer aquilo que desejamos e satisfazer as nossas vontades nem sempre é uma tarefa fácil, sobretudo porque confundimos Auto-cuidado com Egocentrismo. Se decidirmos que aquilo que nós queremos é sempre secundário àquilo que achamos que os outros querem de nós teremos um projecto de vida pouco ambicioso e marcado por insatisfação constante. Pode até obter-se alguma satisfação momentânea mas esta é mais ligada ao alívio, por exemplo, de um medo (e.g. do outro não gostar de nós) do que propriamente à satisfação prazerosa e tranquila de algo (e.g. sentirmos-nos genuinamente apreciados pelos outros com aquilo que é genuinamente o nosso desejo e a nossa vontade).

Para se conseguir atender ao que se precisa é preciso Auto-cuidado. Este sentimento que nutrimos em relação a nós próprios tem raízes no Amor-próprio e na capacidade de considerar as nossas necessidades quando percebemos que algo em nós está a ser puxado para além dos nossos limites. Assim, tomam-se escolhas que priorizam ou contemplam as nossas necessidades e conseguimos alguma gratificação através de acções que desenvolvemos para mostrar aos outros o desejo da nossa vontade ser contemplada. E isto não é definido por evitar algo mas antes por uma direcção para satisfazer algo… como tal, não é Alívio é Satisfação!

Pode então colocar-se a questão, o que é que distingue o Auto-cuidado do Egocentrismo?

Diria que o que distingue um do outro é a regra de utilização. Na primeira é discriminada e flexível e na segunda é indiscriminada e rigidificada.

No Auto-cuidado balança-se com flexibilidade aquilo que eu preciso com a perspectiva do outro e negoceia-se ou decide-se qual a urgência de se ser satisfatoriamente atendido, por si (e.g. consolando-se) ou pelo outro, sendo isto traduzido na expressão do que se pensa ou sente.

No Egocentrismo a regra de priorização da minha pessoa é cristalizada, fixa e tirana porque acho que devo ser sempre atendido primeiro e em qualquer circunstância. Não existe a capacidade de me mover para a perspectiva do outro e de a cruzar com a minha de forma balançada.

Surpreenda-se que também é Egoísta quando está a agir pensando exclusivamente nos outros, afinal de contas está mesmo é apenas preocupado com algo que quer que os outros pensem ou sintam em relação a si e não genuinamente interessado naquilo que é você próprio e no que são verdadeiramente os outros.

 

Rita dos Santos Duarte – Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta

3 thoughts on “Pensar em mim? Mas posso estar a ser egoísta…

  1. Dei com este texto hoje! 🙂 Tenho andado voltada para este tema. Parece-me que, pela sua natureza, o ser humano é egoísta. O que é uma grande evidência de que não há nada de errado em sermos egoístas. A diferença é mesmo essa: quando o somos movidos pelo amor-próprio ou pela falta dele…

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